DURANGO KID (CHARLES STARRETT) Nº 03 - 3ª SÉRIE / 1974 EDITORA BRASIL-AMÉRICA (EBAL) / Este exemplar publicado no Brasil pela EBAL, faz parte da 3ª série lançada pela editora, num total de 15 edições publicadas entre agosto de 1974 e outubro de 1975, e como era de costume da editora, sempre com um sub-título no canto superior esquerdo da lombada, "Nevada", cuja 1ª série lançada com esse título em evidência, é de outro personagem. Na 2ª série, houve muita confusão nas publicações de "Nevada", com quadrinhos de Durango Kid, alternando com Black Diamond, e fotos de capa com "Cheyenne" e "Bronco Lane", estas duas últimas, séries de televisão. Não me recordo da idade quando pela primeira vez assisti na TV Tupi, a uma série sobre as aventuras de um cavaleiro negro com uma máscara que encobria parte de seu rosto, deixando a vista apenas seus olhos. Tal cavaleiro montava um garanhão branco com um nome bastante sugestivo: “Corisco”. Para mim, na época, aquele cavalo rasgava as estradas das diligências e os atalhos mais selvagens com a mesma velocidade do vento. O cavaleiro que o montava mais parecia uma entidade de outro mundo, chapéu e roupa preta, portava uma arma, um revólver de seis tiros, e o sacava da sua cartucheira de couro com a mesma rapidez que o relâmpago quando risca os céus. Aquele personagem era rápido no gatilho. Acertava qualquer alvo numa fração de segundos e desarmava bandidos e malfeitores com tiros sempre certeiros. Era uma verdadeira ameaça para os vilões do velho oeste. Quem quer que tentasse cruzar ou impedir o seu caminho na busca incessante da verdade e da justiça a qualquer preço, terminaria na cadeia ou morto num tiroteio. Bons tempos aqueles, quando a televisão anunciava Durango Kid. Naquela época eu ainda não me preocupava em saber quem era o ator por trás daquela máscara. Muito menos questionava alguns detalhes daquela produção de baixíssimo orçamento, que muitas vezes passavam despercebidos pelo meu senso de criança. O fato é que a série Durango Kid foi algo fantástico para se assistir na época, típica dos velhos “Westerns B” em série da época.
Depois de algum tempo, crescido e ainda saudoso das aventuras daquele intrigante paladino da justiça, louco por rever as aventuras que marcaram a minha infância, pesquisei e fiquei sabendo que o ator privilegiado que interpretou aquele intrépido mascarado foi o falecido ator americano Charles Starrett. Nascido em Athol, Massachusetts, no dia 28 de março de 1903. De família pobre, não tinha planos de entrar para a carreira de ator, muito menos de se tornar um dos grandes cowboys da história do Faroeste. No começo de carreira, era estudante, alto, elegante e de físico privilegiado, Charles Starrett era considerado uma das grandes atrações do time de futebol americano da sua faculdade, no Darmouth College. De acordo com a história, o primeiro contato com o cinema foi bastante discreto, mas suficiente para despertar seu interesse, que foi ativado quando participou timidamente de uma produção cinematográfica de 1926. Foi convidado para fazer uma pequena ponta no filme O Campeonato do Amor, juntamente com todo o time de futebol da universidade, com várias cenas ao longo do filme. Movido pelo entusiasmo e a novidade, aquele atleta percebeu que atuar lhe dava prazer, passando aos palcos de teatro. Todos têm conhecimento que Durango Kid foi a consagração de Charles Starrett. Porém, pouca gente sabe que apesar de ter sido o responsável pelo sucesso do personagem e o primeiro a lhe dar vida, ele não foi o único a interpretar o herói.
Durango Kid também foi interpretado e vivido por outros dois atores: Wally Cassel (no filme “Lei e Ordem” de 1953) e Joe Pantoliano (no filme feito para a tevê, “El Diablo” de 1990). Dados históricos e anotações de vários fãs americanos, estudiosos e especialistas no assunto, disponibilizados na Rede Mundial de Computadores, dão conta de que a primeira vez que se ouviu falar no personagem Durango Kid foi justamente no filme feito pelo próprio Starrett, numa produção do ano de 1940, chamada de “O Cavaleiro de Durango”. Posteriormente, o sucesso daquele filme se realizou com a produção de 64 filmes em preto e branco, que imortalizou a famosa série exibida na tevê. O curioso é que esses episódios não foram feitos para a tevê, e sim para o cinema, e eram exibidos principalmente nas matinês aqui no Brasil. A carreira de Charles Starrett nem sempre foi um “mar de rosas”, como na maioria de início de carreira dos grandes astros. Antes de encarnar o personagem que lhe renderia toda a fama e o sucesso merecido, ele passou por inúmeras frustrações como ator, atuou em estúdios independentes e sem muita expressão, mas que lhe ajudaram a lapidar o seu talento artístico, enriquecendo de certa forma todo o seu caminho rumo ao sucesso e ao reconhecimento mais tarde. Ficou também muito tempo nos palcos de teatro, adquiriu muita maturidade na arte da interpretação, tudo seria somado ao seu perfil artístico.
Atuou em comédias românticas, alguns filmes de ação, filmes de “bang-bang” e finalmente se consolidou na série Durango Kid. Primeiramente, Starrett assinou um contrato com a Paramount, atuando em seis filmes no período compreendido entre os anos de 1930 e 1932. Após a experiência na Paramount, quando teve a oportunidade de fazer o papel principal no filme da MGM, A Máscara de Fu Manchu em 1932 com Boris Karloff, Starrett soube que o estúdio da Columbia estava procurando um ator para substituir o grande ator Tim McCoy para atuar nos filmes de faroeste do estúdio. Nessa época, ao tomar conhecimento desse fato, procurou o estúdio e assinou o contrato por dois anos. O sucesso de Starrett foi tão grande, que sempre que seu contrato estava para vencer, imediatamente o estúdio o procurava para uma renovação. Starrett não queria ser estereotipado como apenas mais um ator de filmes de bang-bang. Tentou atuar e fazer filmes de outros gêneros, mas não deu outra, pois o gênero de maior sucesso na época era o faroeste. Resultado: Charles Starrett fez 131 filmes de faroeste “B” para a Columbia. Quando Charles Starrett começou a fazer papéis nos filmes de faroeste foi justamente a época de sucesso de outro grande nome: Gene Autry. Aquela era a época dos cowboys cantores. No entanto, por não saber cantar, os filmes de Starrett não refletiram o interesse do público naquele momento, o de ver um cowboy cantando.
O estúdio optou por acrescentar às suas películas um novo grupo, “The Sons of the Pioneers”, formado pelos músicos Bob Nolan, Tim Spencer, Hugh e Karl Farr e Len Slye. Este último, antes de se tornar uma das maiores celebridades do mundo, Roy Rogers. Além dos cantores cowboys, outra mania da época dos faroestes consagrados era a figura do sidekick. Era o parceiro, normalmente uma pessoa hilária, atrapalhada e meio acovardada, mas que ajudava o mocinho a sair das situações mais embaraçosas, delicadas ou complicadas. Quase sempre dosava tramas com toques de humor, que serviam para atender de certa forma aos órgãos censores da época. Tal fato ajudava a quebrar a tensão e dava uma certa cadência nas cenas tidas como violentas e os enredos considerados pesados para o público infantil. Os sidekicks se destacavam pelos trejeitos e caretas, escorregões, fuga de namoradas solteironas, pelas vozes engraçadas, o jeito de cantar. Charles Starrett, na série Durango Kid, quase sempre era chamado de Steve. Com exceção de algumas oportunidades, como na produção de 1940 e de alguns episódios, inclusive o primeiro da série, O Retorno de Durango Kid de 1945, cujo nome foi o de Bill Bladen. Smiley Burnette foi o mais conhecido parceiro de Starrett, graças ao seu talento e uma história na indústria do entretenimento de causar inveja a qualquer outro ator. Burnette, também americano, nasceu no dia 18 de abril de 1911, em Sumner, Illinois.
O estúdio optou por acrescentar às suas películas um novo grupo, “The Sons of the Pioneers”, formado pelos músicos Bob Nolan, Tim Spencer, Hugh e Karl Farr e Len Slye. Este último, antes de se tornar uma das maiores celebridades do mundo, Roy Rogers. Além dos cantores cowboys, outra mania da época dos faroestes consagrados era a figura do sidekick. Era o parceiro, normalmente uma pessoa hilária, atrapalhada e meio acovardada, mas que ajudava o mocinho a sair das situações mais embaraçosas, delicadas ou complicadas. Quase sempre dosava tramas com toques de humor, que serviam para atender de certa forma aos órgãos censores da época. Tal fato ajudava a quebrar a tensão e dava uma certa cadência nas cenas tidas como violentas e os enredos considerados pesados para o público infantil. Os sidekicks se destacavam pelos trejeitos e caretas, escorregões, fuga de namoradas solteironas, pelas vozes engraçadas, o jeito de cantar. Charles Starrett, na série Durango Kid, quase sempre era chamado de Steve. Com exceção de algumas oportunidades, como na produção de 1940 e de alguns episódios, inclusive o primeiro da série, O Retorno de Durango Kid de 1945, cujo nome foi o de Bill Bladen. Smiley Burnette foi o mais conhecido parceiro de Starrett, graças ao seu talento e uma história na indústria do entretenimento de causar inveja a qualquer outro ator. Burnette, também americano, nasceu no dia 18 de abril de 1911, em Sumner, Illinois.
Em 1945, o graduado dos seriados do estúdio da Mascot - um pequeno estúdio que chegou a produzir 24 seriados - o produtor Colbert Clark, que chegou a produzir uma série de sucesso mais ‘moderna’ de western Annie Oakley, em 1954, juntou-se à Columbia como o novo produtor dos filmes de faroeste de Charles Starrett. Inclusive, adicionou o cantor Tex Harding ao elenco dos filmes de Starrett, para substituir os grupos musicais convidados de costume. Colbert Clark então, decidiu reativar a personagem que o próprio Charles Starrett havia interpretado na referida produção de 1940, O Cavaleiro de Durango (The Durango Kid), e transformá-lo numa espécie de Robin Hood mascarado. Na série, o produtor Colbert Clark resolveu colocar ao lado de Starrett o referido cantor, Tex Harding, quando depois disso optou pela formação de um trio de atores, trazendo Dub Taylor para o elenco. Ainda sobre a famosa produção de Clark, Annie Oakley, tratava-se de uma série que tinha como atriz principal a bela Gail Davis, exímia atiradora que andava pelo velho oeste fazendo “shows” e ajudando o xerife local a restaurar a lei e a ordem. Gail Davis aparece no episódio clássico da série Durango Kid, em 1950, Rio Perdido (Trail of the Rustlers), em que existem duas pessoas agindo como o Durango Kid, um deles impostor.
Iniciada a série Durango Kid, o roteirista J. Benton Chaney deu um toque todo especial ao personagem vestido de seda preta, sugeriu a inclusão da máscara negra nos figurinos de Starrett. A idéia era boa, e ele concordou plenamente com esse acessório adicionado, que dava um certo ar de mistério e aterrorizava os bandidos. A máscara que escondia parte do rosto de Starrett causou um estrondoso “frisson” no público e era um elemento indispensável para realçar a figura do seu alter-ego. Lembrando de que a utilização de máscaras já havia sido popularizada em inúmeras personagens, principalmente no personagem “Zorro”, que foi criada por Johnston MacCulley, um escritor considerado medíocre, mas que de certa forma revolucionou o mundo do entretenimento ao introduzir a dupla identidade. A máscara, de uma maneira geral, foi apresentada ao público mundial praticamente graças ao intelecto e à visão de um dos maiores nomes da história inicial do entretenimento, o ator de filmes de aventura e também produtor, Douglas Fairbanks, na bem-sucedida produção, A Marca do Zorro de 1920.
A série Durango Kid começou com o episódio A Volta de Durango Kid de 1945, e iria durar cerca de sete temporadas inteiras. As produções foram concretizadas no período compreendido entre os anos de 1945 a 1952, com exatos 64 episódios, sendo o último episódio intitulado “Depoimento Acusador”.
Um dos ingredientes fundamentais que contribuiu para o sucesso da série foi a colaboração do dublê Jock Mahoney, que substituiu Ted Mapes. Eles fizeram com que as cenas de lutas e perseguições ficassem mais interessantes e ousadas. Mahoney já era bastante conhecido como dublê e também ficou famoso por suas inúmeras participações em séries de Western feitas para a TV nos anos 50 e duas protagonizadas por ele: The Range Rider de 1951 a 1953 e Yancy Derringer de 1958 a 1959. Jock Mahoney vestiu a máscara negra de Durango Kid em incontáveis cenas de ação. Pela semelhança física, o público dificilmente poderia perceber a diferença na troca durante as cenas mais perigosas. Charles Starrett uma vez falou que sempre teve os melhores dublês e sempre se manisfestou a respeito dessa fantástica contribuição que Jack Mahoney trouxe para aumentar o sucesso da série. Charles Starrett casou-se com Mary McKinnon em 1927, foi pai de gêmeos em 1929 e faleceu aos 82 anos de idade, precisamente no dia 22 de março de 1986 em Borrego Springs, Califórnia, EUA. Apesar dos implacáveis punhos do Durango Kid, Starrett lamentavelmente perdeu a luta final para um adversário ainda mais implacável, o câncer. Afastado das telas desde 1952, ao se aposentar era um homem rico além de herdar a Companhia de Ferramentas “Starrett”, ainda hoje uma das líderes do mercado mundial no ramo.
Starrett nasceu num mês de março e morreu igualmente num mês de março, uma característica bastante peculiar que somente ocorre com os grandes astros. “O Velho Durango”, apesar da sua condição financeira invejável, pois soube administrar como poucos tudo aquilo que ganhou na vida, foi sempre um ótimo exemplo de dignidade e de simplicidade. Seu corpo foi enterrado, mas o seu espírito permanecerá sempre na memória dos fãs e irá testemunhar a colheita de todos os frutos que nasceram e ainda nascerão das sementes por ele plantadas. Sua dignidade, seu talento e seu exemplo de vida jamais serão enterrados, pois seus fãs sempre darão testemunhos incontestáveis da sua vida e do seu talento por todas as gerações, mantendo sempre viva aquela entidade quase que surreal, mascarada e misteriosa, o Durango Kid. Assistir a um de seus episódios da série Durango Kid nos dias de hoje pela TV é algo inacreditável e diria impossível de ocorrer. Não há interesse das empresas nesse tipo de gênero. Também não é tarefa das mais fáceis a aquisição de boas cópias de episódios. As grandes empresas comerciais que vendem episódios da série, restringem-se a manter nas suas prateleiras, três, no máximo quatro títulos que foram lançados e que somente podem ser encontrados com o som original, sem legendas e sem as nostálgicas vozes da dublagem feita no Brasil. Quanto aos episódios dublados, apenas se consegue obter nas mãos de colecionadores de películas de 16mm, com a antiga dublagem do estúdio AIC-SP. Apenas para ilustrar, Range Rider era uma série de Western de 25 min. voltada principalmente para o público infantil e mostrava as aventuras do mocinho vivido por Jock Mahoney e seu fiel companheiro Dick Jones, interpretado pelo ator Dick West. Já Yancy Derringer também um Western de 25 minutos, mas sobre um cavalheiro refinado e também jogador profissional que havia acabado de retornar de Nova Orleans, após a Guerra Civil, e que pela necessidade tornou-se um agente secreto do Velho Oeste, trabalhando com o seu parceiro e fiel companheiro, o índio Pahoo-Ka-ta-Wha, para acabar com a corrupção e os malfeitores que atentavam contra a ordem pública e o estado de direito.
Algumas curiosidades sobre a série: Antes de dar vida ao personagem Durango Kid, Charles Starrett foi testado pela Columbia para viver o personagem de um caubói médico, possivelmente o protagonista da série “O Médico da Fronteira”. Charles Starrett e Smiley Burnette começaram a trabalhar juntos com o pé esquerdo, pois no inicio, não havia aquela química tão necessária às duplas. O clima não era muito amistoso entre os atores, talvez pela franqueza de Smiley Burnette, que muitas vezes falava o que pensava sem a preocupação de agradar ou ferir quem quer que fosse. Com o tempo e a convivência, os atores aprenderam a se respeitar mutuamente, firmando um pacto de compromisso para o bem e o sucesso da série, e terminando como bons amigos fora do estúdio. A série Durango Kid foi feita para o cinema, na categoria de filmes “B” no gênero Western. Eram produções de baixíssimo orçamento na época. Anos depois, com a massificação da tevê, esses filmes foram parar na telinha. Perguntado um dia se não estava arrependido de ter tido seu nome sempre associado à figura do personagem Durango Kid, Charles Statrrett respondeu: "Como eu poderia me arrepender disso? Antes de interpretar o personagem, eu percorri um longo caminho. Interpretá-lo foi uma boa fonte de lucro”. Starrett fez 131 B-Westerns para a Columbia entre 1935 e 1952, um recorde na época, considerando a longevidade e a quantidade de produções para uma estrela de Western em apenas um único estúdio.
F I M
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