NO TEMPO DOS FAROESTES E MAIS... - Na época de ouro de Hollywood, quando pontificavam
grandes estúdios como Paramount, Metro, Warner, havia também os estúdios
menores, os primos pobres da indústria cinematográfica norte-americana, como a
Republic Pictures, muito pouco badalada por serem suas produções super modestas,
mas que nem por isso passavam despercebidas. Seu presidente, Herbert J. Yates,
sabiamente, era especialista em produzir filmes de orçamento baixissímo, mas de
consumo certo em mercados comerciais das grandes cidades. Esses filmes
passavam, geralmente, em programas duplos e até triplos, puxando outros filmes
mais importantes, faturando por tabela. Com orçamentos mais pobres do que os da
Columbia, da RKO e da Universal, que produziam seus filmes, na maioria, de
classe B, a Republic fazia suas fitas de classe C, não diminuindo em nada, o
interesse do público. Não se pode dizer de forma alguma, que os filmes da
Republic eram ruíns. Apenas baratos, pobrezinhos, mas que continham seus
encantos. Como aqueles seriados inesquecíveis, que hoje são considerados
clássicos, e muitos faroestes com abundância de tiros, socos e canções.
Muitos
desses seriados e faroestes fizeram a alegria dos garotões com mais de 40. Quase
todos os filmes da Republic eram de muita ação, com muito paiol explodindo,
herói pulando a cavalo numa ribanceira, carros se incendiando ou despencando no
abismo. Eram cenas muito difíceis, que requeriam muita destreza e muito sacrifício.
Mas, o esperto Yates não se apertava: ele rodava uma dessas cenas para um
determinado filme e a aproveitava em vários outros. Outro de seus recursos era
comprar de outros estúdios cenas perigosas como vulcões em erupção,
perseguições de automóveis ou aviões se chocando no ar e aproveitá-las em seus
filmes. Por isso, a gente às vezes tinha a sensação de já ter visto anteriormente,
aquela determinada cena. Os seriados da Republic eram, geralmente, de 12 ou 15
episódios, com muita ação e pouca fala. Por isso mesmo, os preferidos da
garotada. O que traziam de emoção, sustos e suspense não estava no gibi. Os
baixinhos ficavam de cabelos em pé, com o mocinho na iminência de morrer ao fim
de cada episódio, para se salvar espetacularmente no episódio seguinte, para
delírio da meninada. E, por mais que brigassem e tivessem risco de morte, os
heróis jamais deixavam cair o chapéu da cabeça.
Aliás, como curiosidade, o
chapéu de Indiana Jones teria sido inspirado no de Rod Cameron, no seriado
"A Adaga de Salomão", de 1943. Por sinal, os filmes de Indiana Jones
têm muito daqueles saudosos seriados da Republic. O mesmo clima. Vale lembrar de
alguns grandes títulos do estúdio, que para alegria geral da nação, aí segue
alguns títulos desses espetaculares seriados: "Os Perigos de Nyoka", "Flash Gordon","O Chicote do Zorro", "A Mulher-Tigre", "Dick Tracy
Contra o Império do Crime", "Os Tambores de Fu Manchu", "O
Maravilhoso Mascarado", "Capitão Marvel", "Marte Invade a
Terra", "Batman", "Comando Cody" e “A Deusa de Joba”. Em pouco menos de
vinte anos, entre 1935 e 1955, nada menos de 66 seriados. Todos empolgantes. O
primeiro faroeste, ou filme de mocinho, como dizia a garotada, data de 1903,
com "O Grande Assalto de Trem" (The Great Train Robbery), de Edwin S.
Potter. Entre os participantes estava Gilbert Anderson, o Bronco Billy, um ator
obscuro que fazia cinco papéis diferentes.
Só que foi proibido de montar a
cavalo quando o diretor o flagrou tentando montar do lado errado. Embora tenha
começado com o pé trocado, Bronco Billy pode ser considerado o primeiro caubói
do cinema. Depois vieram outros filmes mais elaborados e com melhores heróis,
como William S. Hart, Tom Mix, Will Rogers e Tex Ritter, que abriram caminho
para outros mais célebres. Os grandes caubóis da Republic eram os cantantes Roy
Rogers e Gene Autry, tão famosos quanto seus inteligentes cavalos, Trigger e Campeão,
respectivamente. Mas, o preferido da garotada era mesmo Allan Rocky Lane, mais
machão, não perdia tempo com cantorias e não usava aquelas camisas coloridas e de
franjas. Havia, ainda, outros heróis, como Buck Jones, Bob Steele, Ken Maynard,
Bill Elliot, Charles Starrett (Durango Kid), William Boyd (Hopalong Cassidy),
Tom Tyler e Rex Allen, também com imenso fã-clube. Interessante é que todo
mocinho tinha um ajudante, sempre com pinta de bobo, mas que quase sempre
tirava o herói de uma enrascada.
O mais famoso desses coadjuvantes foi, sem
dúvida, Gabby Hayes. Mas a Republic Pictures (que fechou seus estúdios em 1953,
passando a produzir apenas para a TV ou atuando como distribuidora) pode se
gabar de ter lançado o maior de todos os caubóis do cinema: ele mesmo, o machão
John Wayne. O Duke (para os íntimos), andou fazendo uns filmes de baixo
orçamento na Republic até 1939, quando John Ford o convidou para fazer "No
Tempo das Diligências", na United Artists. De volta à Republic, já
importante, fez outros faroestes sem importância, para cumprir contrato, e foi
cantar (ou melhor, brigar) em outra freguesia. John Wayne, no entanto, chegou a
fazer um filme importante na Republic: "Os Tigres Voadores" (1942),
dirigido por David Miller. Um drama de aviação onde o herói mandava para o
espaço, literalmente, aviões japoneses. Isso foi antes do ataque dos nipônicos
à base militar norte-americana em Pearl Harbor, quando eles mostraram que não
eram tão bobos assim. Na verdade comentar ou escrever sobre esses heróis de faroestes ou super-heróis das matinês de Cinema, é prazeroso e ao mesmo tempo, muito pessoal, porque cada um de nós, e você que está lendo neste exato momento essa matéria, há de concordar comigo, que temos sim em comum, alguns nomes que fazem parte dessa imensa galeria de caubóis e bandidos, de heróis e vilões, mas cada um, com o seu favorito, que pode não ser o meu, mas certamente que também me encantou assim como gerações que não terminam de descobrir esses personagens que não tem prazo de validade!
F I M ?.......NÃO, É APENAS UM COMEÇO.....CONTINUA NO PRÓXIMO EPISÓDIO!
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